Just a Lady

Well, quase um ano depois, aqui estou...

Muita coisa se passou. Oh se passou. Muita transformação interna e externa.

Impor limites. Sou uma pessoa diferente, tornei-me diferente, sou mais bem resolvida, tenho os meus limites e quem não os respeita é xau xau. Depois da licenciatura, e após passar por um mau bocado para arranjar trabalho, hoje olho para trás e penso que ainda bem que esperei e fui exigente. Eu sou exigente. Não é por parecer nova que sou uma míuda. Não é por ser Mulher que sou burrinha. As mulheres também podem ser bem sucedidas na informática. Infelizmente ainda há muito preconceito com isso, sei bem o que passei, as entrevistas que tive algumas delas ridículas, depois as "recruiters" com conversas da tanga, ofertas a roçar a exploração, cenas onde fiquei "WTF?", passei por cenas surreais, e agora que estou a trabalhar parecem mel, até ligam e ficam a fingir que não percebem quando digo que não estou interessada. I'ḿ done with that. Estou num trabalho que gosto, e só assim faz sentido. Não aceitei a primeira oferta só porque sim, lamento mas não vou ser explorada. Ah e no meio disto tudo voltei outra vez a estudar. A vida troca-nos as voltas, mas digo que lidar com tanta coisa, trabalho, estudo, e tratamentos de saúde me tornaram uma pessoa mais forte.

Não tenho vergonha nenhuma de dizer que sou uma pessoa ambiciosa, lamento que a sociedade ainda veja quem quer mais como "sonhas demasiado etc", que se lixe, eu sei o que quero para a minha vida, eu mudei e passei a ser uma pessoa que acorda cedo para fazer exercício antes de trabalhar, que se organiza e põe a sua saúde física e mental em primeiro lugar. Acabou a paciência para pessoas tóxicas. Aquele tipo de pessoas que para uma solução arranja 5 problemas. Ou os que deixam tudo para a última da hora. E pessoas egocêntricas, que não acrescentam nada de bom à vida. Se afecta a minha paz então adeus. Eu não aturo cenas dessas, not anymore. Cortei "amizades" pois pessoas que te rebaixam não são amigas. Pessoas invejosas tambem não. Sou uma pessoa lutadora e se quero uma coisa não desisto. Quero mais para a minha vida, não sou Mulher de ficar em casa a cuidar de filhos e não ter carreira. Isso não é de todo algo que vá com o meu feitio. Continuo a estudar, ganhar mais conhecimentos, e cortei com o que já não faz sentido na minha vida. Estou mais serena. Acredito que as pessoas não mudam por ninguém a não ser por elas mesmas. E que há pessoas que só querem ver-te pior que elas, e depois vêm com conversas de "estás chateada" pois já não partilho a minha vida. Não, eu não vou dizer algo para depois dizeres que a tua vida é pior quando não fizeste nada para mudar. Quero que se fo** isso. Não há queixumes, queres mudar de vida então ganha estaleca e faz alguma coisa, reclamar não faz nada, esse é o problema, é a mesma coisa que uma pessoa que está com mais peso reclamar que está gorda e continua a comer porcaria e não muda de hábitos. Se querem algo na vida então quem tem de mudar são vocês, não os outros. Eu era o tipo de pessoa que odiava acordar cedo. Hoje acordo à 6h para estar em silêncio e cuidar de mim antes de começar o dia. Não deixo para depois a vida, aprendi a respeitar os meus limites, e a aceitar que nem sempre a vida corre como queremos, mas há que aprender a lidar com as adversidades da vida. È a maneira como lidamos com os problemas, se tem solução óptimo, se não tem então não adianta remoer nisso.

Há algo que muda depois dos 30, é o "que se fo**". Sou Mulher e não aceito menos do que mereço. Sou ambiciosa e trabalhadora, o meu tempo é demasiado precioso para perder com tretas. E sim, tenho uma opinião, que vai contra algumas coisas vistas na sociedade em geral, mas é o que penso. Não tenho de pedir desculpa por querer mais, por saber o que valho, pois já lidei com muita coisa na vida que me fez crescer, e hoje posso dizer que tenho orgulho na pessoa que me estou a tornar, gosto de ser exigente, gosto de simplificar, gosto do sossego e da natureza, gosto de fazer caminhadas, gosto de cuidar de mim, gosto de informática e de perceber a lógica das coisas, gosto de netflix and chill, gosto de cozinhar, gosto de andar bem arranjada, gosto de música e de cantar, gosto de dançar, gosto de ser organizada, gosto de ler, gosto de quebrar tabus e não tenho medo de ir contra as "normas" da sociedade (como o exemplo de "hidratos são essenciais para o corpo" lol don't even get me started on that"), gosto de me manter informada sobre as coisas, gosto de pesquisar sobre coisas que não conheço, gosto de ser poupada e de ter objectivos de vida e fazê-los acontecer.

O sonho é apenas sonho enquanto não se realiza. Sem ações não se concretiza nada.

That's it. Um pouco random mas é só para escrever um pouco do que me vai na alma.

Daqui

É verdade é que desde que começou o ano, ou até no final do ano 2019, sentia que este ano ia ser de pausa. Feeling ou sexto sentido não sei. Apesar de tudo o que é mau neste vírus, também não adianta viver constantemente com medo, há sim que ter precauções, evitar contactos, usar máscara, lavar as mãos, tudo isso. Mas este tempo também veio trazer outra maneira de ver as coisas. As coisas simples, como ir dar simplesmente um passeio pela natureza, tudo isso faz falta. Foram dois meses dentro de casa, só a sair para o básico (médico, supermercado, farmácia) com tudo planeado para evitar saídas.

Aprecio cada vez mais as coisas simples, caminhar, ouvir a natureza, ver o pôr do sol, estar a ler um livro, ouvir música, estar em paz, isso é mais importante. Às vezes penso que as pessoas têm as prioridades trocadas, que não dão valor a estas pequenas coisas, que valorizam mais o trabalho e vivem numa redoma onde mal conhecem o sítio onde vivem. Mas não pensam que no trabalho são substituíveis, na vida pessoal não é assim.

É por estas coisas e por tudo o que uma pessoa passa na vida aprende o que é realmente importante. A desligar de quem não nos faz bem, do que é tóxico, de nos livrarmos de tralha desnecessária, de dar valor ao que temos e valorizarmo-nos.

Não importa que os outros não vejam isso, até porque o meu "verdadeiro eu" só o meu Homem conhece.
Ser introvertida é algo bom. Pensar antes de falar é bom (não falar antes de pensar). Ter o seu tempo para processar as coisas não faz de ti uma pessoa burra. Antes de tomar decisões há que analisar as coisas.
Agora que estou quase nos 30 cada vez mais penso "i'ḿ too old for this sh*t" porque cada vez tenho menos paciência para gente mesquinha, pessoas que são "deslumbradas" ou que só olham para o que os outros têm, mas não sabem o que essa pessoa passou para conseguir algo. Não sabem, apenas "assumem".
Tenho orgulho na pessoa que sou, na pessoa que me quero tornar, sei o que quero para a minha vida, e não aceito menos que isso. Se isso faz de mim "a bitch" que seja. Não tenho de fingir ser algo que não sou.

Muito se falou do que aconteceu nos Estados Unidos, por causa de uma pessoa negra, mas o racismo está em todo o lado, não é só a cor de pele, infelizmente há sempre alguém a apontar o dedo, "é gordo/magro/preto/branco/não tem um braço etc" porque eu própria sofri com isso desde míuda, por ser diferente, por ter diabetes era olhada como a esquisita, a que tinha a comida diferente, etc, nem sei se cheguei a falar disto aqui, mas é preciso ver que o racismo não é só com a cor da pele. É em quem é diferente, ou tem algo diferente.

Por exemplo, quando estive em Nova Iorque com o Homem, estivemos às compras no Whole Foods, e na caixa estava uma pessoa transsexual (nem reparei até chegar à caixa), reparei foi no atendimento, foi simpática/o, foi isso que eu vi. Cá em Portugal isso é inaceitável, uma pessoa que não se sinta bem com o corpo em que nasceu e mudou de sexo, é olhada de lado ou rotulada. Infelizmente é. Não aceitam, isso é triste. As mentalidades neste mundo têm de mudar. Têm de deixar-se de preconceitos de mer*a, uma pessoa é mais do que o que está à vista. Eu não ligo se a pessoa tem uma orientação sexual diferente, ligo sim à educação.

Isto do racismo é algo que sempre existiu, o que é preciso é mudar as mentalidades, não se devem julgar as pessoas, apontar o dedo é feio. Mais amor, por favor. Menos violência.

Beijinhos*

Este mundo está cada vez a ficar pior, uma pessoa atura com cada uma. Há pessoas que são mesmo mal educadas. Então nas entrevistas de emprego pior. Ser mal educado para um candidato de emprego, ter falta de compaixão, isto realmente, já passei por muita coisa mas isto é do pior. O facto de uma pessoa não ter experiência na área não faz dela burra. Estar a candidatar-me para algo que não pede experiência, mas sim conhecimentos, tendo eu feito projectos académicos e mantendo-me actualizada noutras coisas, depois cachopas sem experiência nenhuma faltam-me ao respeito e "botam-me numa caixa esó serve para isto mimimi". Depois estando uma pessoa a procurar à pouco tempo, com isto da pandemia andou tudo parado, e só há duas semanas é que começou outra vez entrevistas. Estar a levar com comentários sobre o tempo "então mas ainda não arranjou trabalho?" desculpa? que m**** de pessoa é que pergunta isto numa entrevista? Depois passa a atacar o candidato e a ser mal educado?

Acho que as pessoas não têm compaixão, faz-lhes falta ver o que custa a vida, nunca se deve faltar ao respeito nem fazer pouco de uma pessoa por a, b ou c.

Eu sei o que quero, qual a carreira que quero. Já tive propostas, mal recusei pelo factor tempo (4h transportes não obrigada), já tive tantas entrevistas mas depois querem alguém para "executar" e não pensar. Enquanto a mentalidade do nosso país for pelo "fácil" ou "não tem experiência, não serve", isto não anda para a frente. Ora eu mantenho-me actualizada, eu aprendo, tirei a licenciatura em 3 anos, foi difícil, tenho experiência noutras áreas que me ajudaram a ser a pessoa que sou hoje, sou desenrascada, agora não vou andar a fingir ser algo que não sou, lá porque tenho cara de miúda acham que não posso ser competente. E ser mulher num mundo de homens, ui, ainda pior. Lamento mas eu sei o valor que tenho e não aceito que tentem rebaixar isso. Aqui há uns anos não tinha tanta confiança em mim, mas agora, depois de tudo o que ando a passar? Sei que tenho o meu valor e que tenho capacidades, não aceito bosta, tenho vida pessoal e marido, uma pessoa não vive só para trabalhar, tenho a saúde para cuidar que isso é o mais importante, isto é tudo uma aprendizagem, mas às vezes estas cenas tiram-me do sério. Não tolero faltas de respeito, isso não.

Eu não sou de desistir, sou muito teimosa, quero uma coisa, há-de acontecer por muito que tentem derrubar-me. Não sou nenhuma miúdita sem experiência que saiu agora de universidade.

Isto sou eu. Tenho mau feitio, sou lixada quando me faltam ao respeito, é logo cortar pela raíz, eu não sou má pessoa, mas cada vez confio menos, é meio mundo a tentar lixar o outro, a falta de noção que muita gente tem é ridícula.

Tenho dito.

Aproveitando na semana passada os descontos da wook, aproveitei para comprar alguns livros, e já tinha ouvido falar muito deste. Li-o ontem, e posso dizer que para a fase que estou a passar neste momento, fez todo o sentido. Tanta coisa com que me identifiquei. Estar a passar por tratamentos, depois de ter acabado a licenciatura, depois de tantos anos a descuidar da saúde, o meu corpo e a mente deram sinais. Numa altura em que se fala tanto da saúde física como da mental (apesar de haver pessoas que acham que é "frescura"), sei que preciso de cuidar das duas. Os ataques de ansiedade são uma coisa que me acontecia constantemente, o não conseguir desacelerar, não ter "tempo" para cuidar de mim, hoje eu vejo o mal que isso me fez.

Estou num processo de mudança, a questionar-me, a pensar na pessoa que quero ser, nos meus objectivos, quero ser uma pessoa mais calma, menos stressada, que é o que me faz ansiedade.

No ano passado estava preocupada e sentia-me pressionada com as bocas de "ainda não arranjaste trabalho na área?", "já começaste à procura?", e sentia-me mal com isso, não vou mentir. Mas depois de estar desde Outubro com tratamentos, de perceber a importância que é cuidar de mim, já não ligo. Afinal o que é mais importante que a nossa própria saúde? Não sabem pelo que estou a passar. Com quase 30 anos, depois de passar por tanta coisa na vida, estou a mudar aquilo que não quero para mim. Sei que preciso de ter mais auto-controlo, de ter mais cuidados com a alimentação, e mais importante, de respirar. De tirar 10 minutos do meu dia para estar em silêncio, reflectir é importante. Ajuda a acalmar, e preciso disso neste momento. A correria da cidade é stressante, o barulho, a confusão, e estar em silêncio, a olhar para o horizonte, ou simplesmente a ouvir o barulho dos passarinhos, apreciar as coisas simples, é importante.

Acho que as pessoas valorizam demasiado certas coisas, e depois deste livro, tenho a certeza disso.

Penso naquilo que quero para mim, saúde, focar-me, depois arranjar trabalho no que quero, conseguir estar estável de saúde para poder ser mãe daqui a uns anos (sim, agora derreto-me com bebés), fazer a vida que quero, sem ligar ao que os outros dizem. Cortar ou diminuir o contacto com pessoas tóxicas, que só arranjam um problema para cada solução. Não tenho mesmo paciência para pessoas dramáticas, tiram-me a energia. Não obrigada.

Agora ando a aproveitar esta quarentena para voltar aos hábitos de leitura, para poder pensar naquilo que realmente quero, descansar a mente, é o que preciso.

Quem ainda não leu o livro, recomendo muito. Gostei tanto que tenho vontade de o ler outra vez :D

Depois de muitos meses, apeteceu-me vir aqui escrever.

A verdade é que a minha vida mudou. Depois de 3 anos de muito esforço, de quase ter tido um esgotamento para conseguir acabar a licenciatura de Engenharia Informática, consegui. Acabei no final de Julho do ano passado, e disso estou muito orgulhosa. Porque me esforcei, lutei muito para conseguir atingir o meu objectivo, que de fácil não tem nada. Foram muitas noites sem dormir, com ansiedade para acabar disciplinas, ter perdido uma pessoa importante para mim uma semana antes do Natal de 2018, e mesmo assim ter engolido o choro, e focar-me na universidade, com mais 2 disciplinas em atraso, com o raio da matemática lixada, que demorei 3 anos para conseguir, mas fui teimosa, insisti, errei, chumbei, voltei a tentar.

Depois disto tudo, mudei um pouco. Tenho mais confiança em mim, naquilo que consegui, e acredito que ainda irei conseguir atingir os meus objectivos (um dia ainda quero tirar mestrado). A vida dá muitas voltas. Devido a um problema de saúde vi-me obrigada a parar, depois de 3 anos sem ter tempo para cuidar de mim, pois a minha saúde deu sinais. Perdia 3h diárias nos transportes, não tinha tempo para fazer exercício, nem para ter tantos cuidados com a alimentação. Depois de acabar a licenciatura escolhi voltar a cuidar de mim, a estar em paz comigo mesma. Porque toda a ansiedade, tudo o que passei para acabar aquilo, foi difícil.

Neste momento ando em tratamentos, e ao mesmo tempo a procurar trabalho na área (se bem que como isto está agora com o mundo é complicado). Também só comecei à procura no início do ano, e já ouvi com cada proposta mais idiota, que às vezes penso que estão a gozar comigo. Querem dado e arregaçado, pois olha, não andei a estudar 3 anos para ganhar pouco mais que o ordenado mínimo. Tenho algumas exigências, e uma delas é a localização. Para mim algo onde tenha perder 4h em transportes está fora de questão, levar o carro e gastar € em estacionamento igual. Posso ir de transportes, não gastar dinheiro em combustível e estacionamento, pois que continuo forreta, claro está.

Quanto aos tratamentos, estão teimosos, e tudo o que quero para este ano é conseguir melhorar, já tive melhorias mas ainda tenho de continuar os tratamentos. Mudei de hábitos, deixei hidratos de carbono, faço uma alimentação sem processados, é uma espécie de dieta cetogénica, mas que para a minha saúde tem resultado, nunca na minha vida andei com níveis de glicémia tão estáveis. E é isso que me importa agora. Não é dinheiro, não são bens materiais, mas sim recuperar a saúde. A vida é dura, mas eu sou muito teimosa, e não desisto daquilo que quero. Sou uma pessoa persistente.

Quanto ao trabalho, hei-de conseguir alguma coisa, mas não ao ponto de me consumir o tempo para cuidar de mim. Há coisas que para mim são essenciais.

De vez em quando ainda leio alguns blogs, faz falta.

Outra, sendo eu introvertida, não percebo qual é o "pânico" que as pessoas têm de ficar em casa. Há tanta coisa para fazer, eu fico parva. Há que respeitar as medidas, eu só saio para ir à farmácia e ao supermercado (em que basicamente é comprar legumes para a semana toda, evitando saídas só "para ir ao pão", de maneira a só ir lá quando é necessário). Infelizmente ainda há pessoas sem noção, que acham que isto é só uma "gripezita". Há que ter esperança de dias melhores, se for preciso mais tempo para que isto melhore, que seja.

Há que aproveitar este tempo para outras coisas, para aprender coisas novas, para ler, cozinhar, tudo o que diziam que "não tenho tempo". É importante reflectir, ver o que é mais importante, a vida é importante, ter saúde também.

Isto foi um (longo) desabafo sobre tudo o que se passou desde a última vez que escrevi aqui. Tinha saudades.

Beijinhos*

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