Desabafo (grande)

Até que ponto uma pessoa deve aguentar? Aguentar, aguentar e mais uma vez aguentar. Ando cansada. Até que ponto? Ao ponto de quase ter ataques de ansiedade? De ter de levar todos os dias com má educação, desprezo, mau estar? Não sei quanto mais aguento nesta confusão. Ando psicologicamente farta disto. Ao ponto de me sentir mal, com dores de estômago, de ficar com palpitações, nervosa, sem apetite, com vontade de sair dali para fora? Sem ter quase apoio nenhum. Sentir-me incompreendida, como se estivesse na escola outra vez, e me pusessem de parte por ser diferente dos outros. Os dias vão passando e cada vez mais me sinto a sufocar. É fácil falar "aguenta", mas até que ponto? Até ir parar ao hospital? Ou desmaiar? Ou dar cabo da minha saúde e nervos até lá. Orgulho-me de ter deixado os antidepressivos há ano e meio. Consegui isso tudo sozinha. Sei que sou uma pessoa forte, mas ando cansada de ser o saco de pancada, a que ouve tudo e todos, e que ninguém ouve. Ando cansada de ter de aguentar tudo sozinha. De levar sempre com a família de mau humor, de não quererem saber, de nunca ouvirem nem conversarem. De chegar a casa e o carinho que tenho é da gata. Caramba porque é que as pessoas são tão egoístas? Só pensam no próprio umbigo, em usar e fingir que gostam e depois falarem por trás, de me tentarem passar por cima, com a mania que são melhores mas não valem nem um décimo, sou uma pessoa de carácter, honesta, sou muito mais do que julgam. Mas deixo estar, que essas vão cair por si. Acredito no karma. É lixado. E também eu. Eu posso andar mal, com os sentimentos à flor da pele, posso só ter apoio do meu homem e pouco mais, mas ainda hei-de atingir muito mais na minha vida. Eu sou muito mais que isto. Sou uma pessoa meio louca, divertida, gosto de brincar, de ver bonecos, de escrever, de dar amor e carinho a quem o merece, e não tenho dúvidas que poucas pessoas o têm. Não sou fácil de lidar. Sou confusa, demasiado emocional. Posso até dizer que está tudo bem, porque sou orgulhosa e não quero que ninguém me veja em baixo. Só eu sei o que se passa cá dentro, a vontade que tenho de chorar às vezes, de sair daqui para fora, de dizer todas as verdades a certas pessoas. Eu tenho valor. Podem tentar derrubar-me, que isso só me torna mais forte. Também consigo ser cínica e fingir. Mas de mim não levam nada, nem nada sabem. Que da minha vida sei eu e ponto.