Algumas vezes perguntam-me o porquê de não ter namorado. Eu
simplesmente respondo que não me apaixono facilmente. Em certa parte é verdade.
Já passei por muita coisa na vida, apesar de ser nova, que me fez crescer, ter
os pés mais assentes na terra.
Vejo relacionamentos sufocantes, e isso não é saudável.
Quando nos apaixonamos é pela pessoa, não devemos tentar mudá-la à nossa
imagem. As mudanças por vezes são necessárias, cedências têm de ser feitas,
afinal é a falar que nos entendemos. Não devemos viver só para aquela pessoa.
Nem deixar de sair com os amigos. De fazer o que fazemos, que gostamos, por
causa de ninguém. Falo por experiência própria. Isolei-me dos amigos,
afastei-me da família, deixei-me anular, fui humilhada, não tinha muito apoio
na altura, ele queria moldar-me, eu era ingénua. Vivi com ele, comecei a
perceber como ele realmente era, começou a mostrar-se. Queria uma empregada em
casa. Na altura pouco sabia cozinhar, o resto sabia. E ouvia sempre críticas da
parte dele. Não me sentia bem comigo, chorava quando estava sozinha, pensava no
porquê de merecer aquilo. Dei tudo por tudo por aquela relação. Aguentei muita
coisa, formei uma grande bolha, até que um dia rebentou. Eu não quero aquilo
para mim. Quem me quer mudar não gosta de mim. Não faz a merda que ele fez.
Ainda teve a lata de perguntar que mal é que me fez. Durante o ano seguinte
ainda veio duas ou três vezes tentar alguma coisa, se queria ser amiga, etc. Eu
sempre lhe disse um redondo NÃO. Fiquei um caco, estive dois anos da minha vida
sem fazer nada por mim, presa a um idiota que só me fazia mal.
Hoje não sou assim. Não me sinto preparada para
relacionamentos e muito menos sou mulher de coisas passageiras. O sofrimento
foi necessário, mas fez-me mudar muito. Dou valor a mim própria, não deixo que
me pisem. Acredito em mim. Sei do que sou capaz. Não sou tão insegura. Tenho
mais confiança. Não tenho medo de ser eu mesma. Porque não sou má pessoa. Por
fora pareço uma menina, quem não me conhece às vezes deve pensar que sou uma
menina fútil que não faz nada. Gosto de andar arranjada, unhas pintadas, e
depois? As aparências iludem. Apesar do trabalho andar fraco eu gosto do que
faço, de me manter ocupada, tratar de papeladas, organizar o que for, etc. Em
casa faço as coisas, gosto de manter tudo limpo, às vezes posso ter uns dias
mais preguiçosos mas as coisas não se fazem sozinhas. A cozinhar desenrasco-me.
Não sei fazer pratos muito elaborados, até porque o que se faz é com o que há.
Sou uma pessoa compreensiva, tento fazer o que posso para ajudar os meus pais.
Sou muito ligada à família. Com o meu irmão a relação é meio estranha, umas
vezes discutimos, no outro dia já fazemos palhaçadas, é assim. Sei que tenho
sorte ao ter os pais que tenho. Sem eles não sei o que era de mim.
Continuando, posso ver um homem giro, e até comentar isso
com uma amiga, mas isso não quer dizer que tenha cérebro. A beleza está nas
pequenas coisas. Coitadinhos dos mulherengos que acham que conseguem todas, eu
consigo ser muito fria, comigo não têm hipótese. Não estou interessada. Mereço
muito mais que isso. Sou exigente e quero o melhor para mim. Não tenho namorado
mas sou feliz. Faço a minha vida, tenho liberdade para sair sem dar satisfações
a ninguém (sem ser os pais), saio com os amigos, faço o que quero com o meu
tempo livre, desfruto da vida que tenho. Sou um bocado caseira, gosto das
noites ao pé da lareira, com os meus pais, eles a ver novela e eu no pc, é
engraçado.
Desculpem o testamento enorme, estava a precisar. Tenham uma
boa noite.
Beijinhos*