Coisas que me enervam


Há coisas que me enervam. Vejo cenas que só à chapada. Um exemplo, uma mulher desempregada, a tomar todos os dias o pequeno-almoço fora. A depender do dinheiro do marido. A dizer que não pode arranjar trabalho por causa dos horários do filho. Digam-me, isto tem nexo algum? 
Não há coisa nenhuma para o marido, não vejo carinho, nem amor nenhum da parte dela. Ele apara-lhe os golpes todos. Pede dinheiro para a mulher ir pintar o cabelo. Porque coitadinha, tem um almoço de não sei quê e sente-se mal. Pelo amor de Deus! Poupem-me! Como é que é possível? Eu (que sou uma miudinha, não sei nada da vida, segundo o meu irmão) tenho mais cabeçinha e sei ver que isto assim não tem sentido. Uma coisa é ir beber café ao fim-de-semana, outra é dizer que anda mal e ver o que faz. Quem trabalha, faz o que quiser a isso, agora quem não trabalha, queixar-se? Não me venham com falinhas mansas, eu posso parecer ingénua mas não sou parva. Posso ganhar pouco, é verdade, ainda nem 22 anos ter, mas há coisas que não me cabem na cabeça. A capacidade de não usar o cérebro nalgumas pessoas é inadmissível. É que o meu irmão nem venha tentar mandar-me abaixo com as bocas dele. Dizer que devia de fazer isto ou aquilo, mas tem alguma coisa que meter o bedelho na vida dos outros? Eu não tenho dívidas nenhumas, e muito menos vícios. Eu não fumo dois maços de tabaco por dia. Não faço gastos desnecessários. Penso sempre antes de meter dinheiro ao barulho. Há prioridades e prioridades. Gastos com saúde já me chegam. Compro duas ou três revistas por mês. Se me apetecer comprar um livro compro. Mas poupo o pouco que tenho. Não sei o futuro. É incerto. Há anos que o ouço a dizer que noutro sitio ganhava mais e trabalhava menos. Anos. Sempre com a mesma conversa. Queria ver como é que geria a vida dele depois. Não havia cá paizinhos a pagar a prestação da casa com dinheiro de poupanças porque o menino gastou o dinheiro todo. É meu irmão mas somos o oposto um do outro. Gosto muito dele, mas às vezes só me apetecia dar um par de estalos para ver se acordava e via as coisas como elas são. Mas não, quer continuar a atirar areia para os olhos, que de desenrasce sozinho. Depois ainda me me vai dar razão.    

2 comentários